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A TRANSIÇÃO

Al Jolson

O Cantor de Jazz
(The Jazz Singer, EUA, 1927)
Direção: Alan Crosland
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Elenco: Al Jolson, May McAvoy, Warner Oland, Eugenie Besserer, Otto Lederer, Bobby Gordon, Richard Tucker, Jane Arden, Ernest Belcher, Violet Bird, Nat Carr, Claire Delmar, William Demarest e Neely Edwards.
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"História de um cantor judeu, Jakie Rabinowitz, que desafia o próprio pai a fim de provar que pode se tornar um cantor de jazz - chegando a pintar o rosto de preto, já que esse era um estilo próprio dos negros americanos".
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Quando o público que estava na sala daquele cinema, percebeu que o filme que estavam assistindo parecia realmente que tinha vida própria, isto é, som, ficou extasiado, perplexo; dizem que muitos chegaram a procurar a orquestra e o cantor, que, segundo eles, estariam escondidos, sendo os verdadeiros responsáveis pelo que ouviam. Descrença à parte, a verdade era que o som havia chegado ao cinema, e parecia que muita gente não estava preparada para a novidade. O público que não queria acreditar no que ouvia, muitos atores que se negaram a trabalhar sob o efeito da tal novidade, e, principalmente a indústria cinematográfica, que não estava preparada para o desafio. Muitas produtoras quase faliram, e a grande maioria teve que se adequar ao uso do som em seus filmes, caso não quisessem fechar às portas. O Cantor de Jazz, como o primeiro filme sonoro da história, marcou a transição da fase silenciosa para o cinema sonoro; e a partir daí nada foi como antes. É verdade que existiram gente teimosa como Charles Chaplin e Buster Keaton, por exemplo, que resistiram ao som; mas gênio não se explica e nem se tenta compreendê-los, aceitamo-los simplesmente. Tão logo o mundo do cinema aceitou como uma verdade irrefutável à utilização do som, outra novidade estava a caminho. E chegou rapidamente, era a cor, que uns malucos, haviam “inventado” para colorir os filmes. O cinema colorido chegou cheio de pompa e não quis mais abandonar as telas. Porém, quanto a esta novidade a resistência foi maior. Pois a indústria cinematográfica continuou por muito tempo fazendo filmes em preto e branco; quer por razões financeiras, quer por razões de idealismo estético, já que muitos defendiam a tese de que a cor maculava a arte, ou por outros motivos, os mais variados, defendidos por este ou aquele realizador. Mesmo hoje em dia, os herdeiros de Frank Capra, por exemplo, lutam para impedir que os filmes realizados por ele sejam colorizados. Esta uma outra novidade que viria bem mais tarde, nestes tempos nosso de hoje. No entanto, algumas produtoras poderosas resolveram investir na novidade, e o cinema colorido tornou-se uma realidade rapidamente. Mas mesmo assim, muitas produtoras e muitos diretores de cinema continuaram a fazer filmes em preto e branco. E ótimos filmes! Que o diga Cidadão Kane, Casablanca, A Felicidade Não Se Compra, O Sétimo Selo, A Doce Vida, Os Sete Samurais, Psicose, e muitos, muitos outros. De outro lado realizaram filmes como As Aventuras de Robin Hood, E o Vento Levou, Ben-Hur, Lawrence da Arábia, e também muitos, e muitos outros. Desta forma existiu por muito tempo dois tipos de cinema: o Cinema Em Preto e Branco e o Cinema Colorido. Quando na história o cinema colorido “engoliu” de vez o cinema em preto e branco, já é outra história. A única coisa que sabemos, é que hoje em dia para o cinema em preto e branco existir, terá que ser uma opção do realizador do filme, mas muito, muito bem justificada. Como exemplo nos dias atuais como opção e muito bem justificada, podemos citar A Lista de Schindler de Steven Spielberg. No mais, o filme em preto e branco fica legado a história, embora uma história forte e marcada por alguns dos melhores filmes já realizados. Por estes motivos é que decidimos por duas vertentes para a página de Cinema Sonoro. Porém, é preciso dizer que com isto, não afirmamos e nem de longe acreditamos que exista algum tipo de divisão; quando na verdade as duas se completam.
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Título: Da direita para a esquerda temos o cartaz do filme O Cantor de Jaz (1927); em seguida o filme Chantagem e Confissão (1929) de Alfred Hitchcock, o primeiro filme com som do diretor e também do cinema inglês, com destaque para a atriz Anny Ondra; depois, M - o Vampiro de Dusseldorf (1931), primeiro filme sonoro do mestre alemão Fritz Lang, com destaque para a sombra de Peter Lorre sobre o cartaz e a jovem atriz Inge Landgut; e, finalmente, o filme Cantando na Chuva (1952) de Gene Kelly e Stanley Donen, com todo o esplendor do som e das cores, filme que trata justamente da transição do cinema mudo ao falado, com destaque para a famosa cena de Gene Kelly cantando e dançando na chuva.
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